segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Pôr!


No soprar do vento na janela
Sussurros transcorrem miúdos
E passam por fendas do infinito.

Raios de sol fazem voz e ouvidos
No cantar de cada lado
Cravos e rosas!
Doces. Salgados.
(William Freitas)

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

IMPERDÍVEL!!!

Muovere Cia de Dança Ano 20 apresenta:
RE-SINTOS - UM TEMPO NO ESPAÇO
Usina do Gasômetro - Sala 309!
Dias 27 e 28 de setembro - 21 horas
Ingressos à venda duas horas antes do espetáculo.
Reservas: 9915-4946 ou 8158-9345
R$10,00 (desconto de 50% para estudantes, classe artística e idosos)

Resenha crítica do filme: Obrigado por Fumar

Obrigado por Fumar é um convite a ironia e ao sarcasmo. Diferente do que pode parecer à primeira vista, o filme não retrata os malefícios do cigarro e sim, a cultura de manipulação de informações, o poder da palavra, da argumentação. A comédia dramática dirigida por Jason Reitman faz uma crítica divertida aos lobistas norte-americanos e as políticas internas e de imagem corporativa das grandes empresas de tabaco, álcool e armas.
Nick Naylor (Aaron Eckhart) é o centro da ação e narrador do filme. Trabalha para a Academia de Estudos do Tabaco, onde sua missão é persuadir a mídia e a população construindo discursos convincentes para defender o ponto de vista que lhe interessa. “Se argumentar corretamente, nunca estará errado”, é o discurso chave do filme.
Em programas de entrevista e debates na TV, o protagonista defende o livre arbítrio. Frente aos danos causados pelo uso do cigarro, dito por ele ainda não comprovados, argumenta de forma carismática e habilidosa que cada indivíduo tem o poder de escolha e sabe de si, portanto, quem quiser fumar, que fume, você será sempre o grande responsável.
Divorciado, pai de Joel (Cameron Bright), Naylor passa a trama preocupando-se com a educação moral do filho e esforça-se para ser sempre um bom exemplo. O protagonista é, também, desafiado pelos vigilantes de saúde e, principalmente, pelo senador oportunista Ortolan K. Finistirre (William H. Macy) que o enfrenta em debates em rede nacional. Além disso, Nick conta com a ajuda de Jeff Megall (Rob Lowe) para promover os cigarros em filmes, o que alude também, críticas a Hollywood.
A reviravolta da trama acontece quando a fama do lobista atrai a atenção da jornalista atiradinha Heather Holloway (Katie Holmes) que, seduzindo-o, consegue informações confidenciais e tenta arruinar sua vida ao publicar uma reportagem sobre seu modo de conduzir e pensar o seu trabalho. O que acaba tornando público também, a existência do “esquadrão da morte”, formado por Nick e dois amigos cúmplices lobistas, Polly (Maria Bello) que defende as indústrias de bebidas alcoólicas e Bobby (David Koechner) as indústrias fabricantes de armas.
Com toques de documentário, a mensagem é óbvia e direta. Uma crítica social, que de forma inteligente utiliza um tema que não é novidade e informações que já não são mais bombásticas. Obrigado por Fumar é cínico e despretensioso e, em nenhum momento, coloca em cena o uso do cigarro, fato que torna o filme ainda mais curioso, pois esse fator não se faz necessário no desenrolar da história.
Inovador, criativo e com um ótimo elenco, seu charme é não dar espaço ao “politicamente correto”. O suficiente para flutuar entre não ser levado a sério e induzir reflexões. Um filme que diverte fumantes e não fumantes.
(Stéfanie Telles)

terça-feira, 23 de setembro de 2008

A banalização da indiferença

Envelhecer. Dormir. Cuidar da casa. Educar os filhos. Namorar. Engordar. Fazer regimes. Acordar cedo. Trabalhar. Tirar férias. Regressar das férias. Tudo passou a ser problema. As atividades cotidianas tornaram-se um problema. Não há mais tempo disponível, pois ainda não descobriram como fazer o dia ter quarenta e oito horas. Não há mais paciência, disponibilidade, solidariedade a si mesmo perante a rotina. Sobra estresse no final do dia, sobra irritação. O ser humano passa a querer ficar só e, ao mesmo tempo, passa a não suportar a si próprio.
Robôs de um sistema capitalista, as pessoas apenas executam. Passam suas vinte e quatro horas em uma rotina incansável, sem perceber e/ou questionar para onde estão indo e muito menos onde querem chegar. Os valores e bons costumes se perderam com a desculturalização causada pelos efeitos da globalização, fazendo com que encontremos hoje, um grande conformismo social, baseado no paradoxo do “isolamento da psique humana versus a massificação do consumo”.
Quanto mais os professores se esforçam para fazer com que seus alunos leiam, mais estes deixam os livros de lado. Quanto mais os políticos se exibem e se explicam nas variadas mídias, mais o eleitor mostra-se despreocupado. Quanto mais informativos os sindicatos distribuem, menos lidos são. As situações tornaram-se tão massivas que passaram a ser repulsivas. É onde encontramos a indiferença. Uma profunda indiferença por saturação, excesso de informação fútil e de isolamento que toma conta do homem.[...]
[...]As pessoas não mais se impressionam. Tudo lhes parece perfeitamente natural, sem maior e/ou melhor impressão e reflexão. Nos noticiários, passa-se com naturalidade da política às variedades. Assuntos como a violência, os assaltos, assassinatos, ataques terroristas, seqüestros, massacres, tornou-se banal, cotidiano. A relevância e o tempo dado a cada notícia é determinado pela capacidade de entretenimento que esta tem. Nada mais lhes interessam além de estimulações e opções semelhantes em grupos.
Pensar em algo que ainda seja capaz de nos espantar ou escandalizar é tarefa difícil. A apatia que toma conta progressivamente do ser humano pode ser correspondida à velocidade da informação. Esta uma vez registrada é esquecida, deletada, varrida da cena por outra que refaz o mesmo percurso. [...]
[...]Existe hoje, uma indiferença total para com aquilo que em volta das pessoas se passa. Sabemos que tudo se modifica, que as atividades humanas hoje são outras, que a falta de tempo e a necessidade do imediato fazem parte da rotina, que a maneira de pensar e agir dos indivíduos são diferentes, mas aqueles sentimentos profundos e sãos, de solidariedade e compaixão ao próximo e a si mesmo, não deviam desaparecer. A humanidade chegou a um estado tal, que muitas vezes procuramos nela sentimentos que já não existem mais. Sentimentos que em outras épocas foram cultivados, alimentados para o bem, para a busca do aperfeiçoamento e de uma sociedade suportável, mas que, pode-se dizer hoje, está desaparecendo por completo.[...]
[...]Isso tudo é resultado de uma indiferença pós-moderna. Uma indiferença por excesso, por hiper socialização, e não por defeito, nem por privação.
Há muita gente que acredita que se manter indiferente quanto a uma situação é “a mais inteligente alternativa” para: garantir a sua posição, manter a sua credibilidade, a sua “imagem” e confirmar a sua pretensa competência. Manter-se indiferente, mesmo tendo o poder de agir ou de mudar uma circunstância, seja para se preservar ou para evitar se envolver, é a mais clara expressão da falta de caráter, competência, humildade e de coerência profissional.
Todos sabem muito bem o que acontece em sua volta, mas poucos são os que fazem algo para efetivamente mudar o contexto e deixar claro que este tipo de comportamento é inaceitável. Porque muitas vezes é melhor para o indivíduo preservar-se do que correr o risco de se posicionar e de solucionar o que precisa ser resolvido, mesmo que não seja agradável a todos, inclusive a si mesmo. Este é o medo implantado por uma sociedade baseada na imagem, na superficialidade do ser humano.
O culto ao individual faz com que as pessoas esqueçam que precisam atuar juntas para crescer, que por mais talento que se tenha, este só tem valor e agrega valor quando é reconhecido pela forma como se age. Manter-se indiferente ao que suas ações significam para os outros no seu contexto e no contexto das pessoas, é desrespeitar a própria inteligência e a inteligência dos outros.
Pessoas dotadas de boa consciência agem diferentemente, pois percebem o valor do ser humano, da vida, o sentido de ser e estar presente. E estes passam a ser os “estranhos da sociedade”. Ceder à vez, ajudar a um estranho, cumprimentar um desconhecido força o outro a se esquivar e a pensar que ali pode haver algo duvidoso ou de interesse. Solidariedade virou motivo de desconfiança.
Por quanto tempo ainda isso irá perdurar ou em que nível estas situações podem chegar é uma grande incógnita. O ser humano tende a ser cada vez mais individualista e indiferente às mazelas do mundo. Atuará cada vez mais sozinho no palco da vida, para uma platéia cega e onde as cortinas se negarão a fechar. O que pode vir a gerar um verdadeiro hospício global.
(Stéfanie Telles)

domingo, 21 de setembro de 2008

Vida incolor...

O medo da “dor”
Eleva e destrói montanhas e braços moles
Incapazes de ostentar tais postos perigosos
Em poços tão fundos perdidos no escuro de inertes gritantes.

Clamando louvor por sentir tal dor, mas não assumir de fato,
Os conduz em medo de espaço e tempo, por não ter o tempo, não ser o tempo, não fazer o tempo.
Tantas flores perdem o cheiro, as cores e os ventos;
Proibindo-os flutuar de interno sopro, e desfrutar eventos de belos versos e odores.

(William Freitas)

“O medo da flor social que nos coloca como pétalas a serem destacadas caso não estejam no devido lugar imposto, e a fuga das verdades simples, nos impede de ter uma vida mais pura, digna de felicidades intensamente satisfatórias".

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

IN

"Aos prantos leio por miúdos inconstantes as formas incertas.Incógnitas vicerais.Implícitas nos quadros borrados de tintas sujas.Figuras distorcidas de faces agudas e vestes mal-trapilho.Suprimido entre ferros.
Combustão do elo fértil.Compor em berros gélidos.O tanque de pedra volátil,
espera por tal desfecho do monte de peças."

(Wil Freitas)

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Seletiva de línguas!

Art&Dança - 'Isoglócia' Festival de Dança de Joinville
"Isoglócia"

Entre pequenas pausas de sinais de fumaça.
Leio cada englobado de línguas.
Uma seletiva de palavras.
Umas gritam, outras falam baixo.
Tão baixo que não escutam a falada que vibra da papada.
Um lindo canto das expressões vividas e marcadas na película fina da retina.
Marcado a ferro.
Quente de fogo.
Como cada passo fosse jogo.
Sem ter a língua própria.
Descontrole de isoglócia.

(Wil Freitas)